quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Res pública II


Sobre a sociedade civil e a opinião ( a segunda versão) de LFM a respeito da res pública queria sublinhar duas coisas:


a primeira é que a sociedade civil não é uma figura abstracta, de uma forma simplista, somos todos nós (políticos ou não) e são as entidades que, num plano supra partidário, procuram a defesa e também a salvaguarda de objectivos específicos, sendo que para isso contestam, opinam e propõem aos governantes alternativas de modo a que o resultado final seja melhorado. Por exemplo, desde associações empresariais, sindicatos, ordens profissionais, associações culturais, clubes, etc são todos parte da sociedade civil. Como é fácil de constatar, na Madeira, grande parte, das intervenções deste tipo de entidades está, por vontade, por sobrevivência, por falta de carácter, ou outras, submetida ao interesse de um poder avassalador e maldoso controlado pelo PSD. Obviamente que, volto a dizer, compreendo as palavras de LFM. Honestamente e com toda a frontalidade preferia que esta sociedade civil, com responsabilidades de "fiscalizar" a governação e o rumo da Madeira desse frutos, reagisse, interviesse de forma séria e sem amarras. Se isso acontecesse não era necessário que pessoas com ligações à politica tentassem, como é o caso, dinamizar entidades desta natureza. Mas, no contexto em que nos encontramos, nada disso vai acontecer. Estamos limitados à intervenção partidária com todos os seus males e toda a conotação que ela encerra, em termos da defesa dos interesses dos cidadãos. Também sou defensor dos partidos e parece claro que sem eles não é possível falar de democracia, mas a Madeira precisa bastante mais da sociedade civil activa e participativa como forma de ultrapassar este "rombo democrático" em que nos encontramos. Se ela existisse todos os partidos fariam melhor o seu papel... Confesso, sem qualquer problema, que teremos enorme dificuldade em mobilizar pessoas para esta iniciativa. Mas a razão não está no facto de existir pessoas ligadas a partidos da oposição. A razão é não aparecer pessoas ligadas ao PSD e ao poder.


a minha segunda observação vai para a linguagem utilizada na apresentação. Não partilho da opinião de LFM que tenha existido uma espécie apropriação dos direitos da sociedade ( as palavras são minhas) pelos responsáveis pela apresentação dos objectivos da entidade. Na verdade houve convicção e "paixão" na defesa de princípios que julgo muitos de nós defendemos, incluindo muito boa gente do PSD e obviamente o próprio LFM. Houve, eventualmente, uma tentativa de "evangelizar" os que ouviriam os objectivos desta instituição... Houve, insisto, muita determinação na defesa de uma sociedade civil interventora. Finalmente, quero sublinhar que tenho total consciência que nada disto é a panaceia para os males da nossa democracia. Mas, considero que tudo o que for feito para alertar as pessoas que vivem na Madeira que têm um papel que não estão a desempenhar, pdoe ser útil para o futuro da nossa Região. Assim, pelo menos da minha parte, não entendo ter ultrapassado os direitos legítimos da intervenção cívica. Ou seja, não fiz mais que outros não possam também fazer e, ainda por cima eu defendo que fizessem. Sei, por isso, que os que levam a sério o papel interventor de uma sociedade moderna e livre, compreendem este meu envolvimento e empenho. Mas, não me custa muito admitir que tudo o que faça ou que esteja envolvido pode não ser bem feito...Contudo, já me parece muito relevante, e se calhar mais importante, que eu possa continuar numa luta pelo que acredito. É isso que me mantém "vivo" e com a consciência tranquila. E esta matéria, posso assegurar, ultrapassa o foro partidário.

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Caro Dr.,

Faz mal, muito mal, anuir em publicar um comentário "anónimo" do teor do que consta neste post.

Apenas o admitiria se, por trás, conhecessemos o seu autor. De resto, descredibiliza o seu blog.

Não vá por aí.

(É apenas um conselho)

Carlos J. Pereira disse...

Caro anónimo agradeço a sua chamada de atenção. Não me tinha apercebido da ostensividade do comentário (publiquei-os em grupo). Concordo consigo pelo que retirei o referido comentário.
Abraço

Anónimo disse...

Saúdo a retirada do outro comentário. Confesso que estranhei a sua publicação neste blogue.
Independentemente das concordâncias e discordâncias nestes espaços explanadas, o importante é haver elevação. Tenho a certeza que tanto o LFM, assim como CP demonstram essa elevação nos seus artigos. Certamente o "ultraperiferias" tem uma gestão mais facilitada, pois não admite comentários...Mas pelos vistos percorre os comentários de outros espaços (mais convidativos à participação)...Fá-lo bem. Eu também o faria.