Assisto atónito a uma consolidação da pouca vergonha que é o regime da Madeira liderado pelo governo do PSD: falta de transparência, impunidade, desgoverno, regabofe e ausência de orientação estratégica para o desenvolvimento da RAM. Como diz o meu amigo Paulo Barata, parafraseando o povo: uma desgraça nunca vem só. De facto, não bastou a tragédia de 20 de Fevereiro que levou consigo dezenas de madeirenses, vitimas da incuria e da prevaricação sistemática de governo e autarquias, além de ter destruído parcialmente algumas infraestruturas da ilha, em particular no Funchal e Ribeira Brava.
Mas, agora, é essa mesma tragédia que serve de argumento, sabiamente usado e abusado pelo poder jardinista, com a complacência de muitos (??), com destaque para alguma comunicação social e algumas estruturas da sociedade civil, para justificar tudo o que pode vir a contribuir para enterrar ainda mais a esperança de podermos viver numa terra com democraica saudável garantindo principios básicos da população e assegurando uma governação em prol de um desenvolvimento a favor das pessoas. Em vez disso, a tragédia serve de argumento para:
1. a manutenção e REFORÇO dos interesses do regime, principalmente o lobie da construção civil que agora conta com a ausência de qualquer controle e fiscalização pelo tribunal de contas, numa lógica desprovida de critério, para permitir decidir em cima do joelho e a favor do interesse mais indicado;
2. a aprovação imediata de obras sem prévios estudos e racionalidade custo/beneficio garantida (como se as grandes obras não tivessem de ser repensadas de modo a minimizar riscos futuros);
3. manter e reforçar a perseguição, a todos os níveis, de todos aqueles que se opõem à gestão catastrófica dos recursos públicos e, ainda mais, ao reforço de procedimentos errados e discutiveis no quadro do contexto em que nos encontramos;
4. evitar falar dos custos do mau governo dos últimos anos;
5. esconder o drama do endividamento galopante e irresponsável;
6.ocultar as responsabilidades pelo crescimento do desemprego e pelo estado desolador do tecido empresarial regional face a um ambiente económico regional frágil, decorrente da incompetência desses mesmos governantes;
7.impedir a solicitação de responsabilidades, como se fosse esse o acto criminoso e não as consequências da tragédia cujas causas queremos e devemos avaliar;
8. retirar toda a responsabilidade do orçamento regional para com as pessoas afectadas: as medidas em curso são todas do Governo da República, demonstrando que a autonomia Jardinista é o maior bluff da política contemporânea. Na verdade, sem a república AJJ não passa de um governador e os madeirenses perdem mais com ele do sem ele!
Resta-me dizer que da minha parte não embarco em melodramas virtuais à custa da tragédia de seres humanos que lamentavelmente servem de arma de arremesso do PSD e do Governo para colocar no terreno a mais nojenta e atípica estratégia de reconstrução alguma vez assistida.
Uma estratégia sem mobilização assente em principios desonestos, sem humildade, com prevaricação à custa de interesses ocultos (veja-se que no dia a seguir à tragédia Santos Costa reuniu-se com três empresas de Construção a saber: AFA, Tecnovia e Tâmega - que têm a particuaridade de terem o envolvimento e interesse do líder parlamentar do PSD - e serão elas as responsáveis directas pela utilização do dinheiro da reconstrução confirmou o Senhor Santos Costa, os outros serão meros subcontratados) e com muito dinheiro cuja origem (legitima diga-se) é a mesma que supostamente queria mal aos madeirenses!?
Por isso, tenham mas é VERGONHA porque não só demonstraram não estar à altura dos acontecimentos durante a tragédia (o GR só falou à população às 17 horas, quando toda a gente já estava no terreno; as conferências de imprensa serviram para a luta politica interna no PSD; a preocupação de AJJ foi pensar em garantir milhões (para ele até eram biliões) através de um comportamento "regabofiano" onde o valor dos prejuízos tem versões a mais e rigor a menos; as bocas entre responsáveis pelo poder do PSD degladiam-se na praça público num teatro lamentável mas demonstrador de um poder sem condições para levar este barco a bom porto), como comprovam que não aprenderam nada com a tragédia e não estão disponíveis para evoluir em direcção a um tempo novo. A demissão desta gente era o único caminho numa democracia minimamente madura onde o escrutínio seria contínuo e sistemático.
A pouca vergonha convive com os senhores do governo do PSD e o oportunismo miserável é a imagem de marca de um partido que ameaça transformar-se numa sociedade de malfeitores, sem escrúpulos, sem alma, sem sentimento, sem consciência!
Um discurso insultuoso e vergonhoso
Há 4 horas
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