segunda-feira, 4 de outubro de 2010

As razões que fundamentam a não aplicação do pacote de austeridade




A má-fé, a demagogia e o paradoxo só pode vir daqueles que ignoram o papel da autonomia e que, infelizmente, não conhecem a situação especial da RAM no quadro das regiões de coesão quer na UE quer no quadro da república. As condições estruturais da RAM obrigam a aplicação de medidas distintas daquelas que são aplicadas na república. É esta a essência da autonomia.  
 A Região fez parte das regiões de coesão da União Europeia e durante largos anos foi também região de objectivo 1 pela suas debilidades e fraco desenvolvimento. Essa circunstância valeu-lhe condições preferenciais no plano europeu e uma discriminação positiva no plano nacional com apoios específicos e com a possibilidade de opções de política económica, fiscal e financeira distintas. Por outro lado, o regime autonómico ofereceu à Madeira a possibilidade de ter um governo próprio e um parlamento, garantindo a possibilidade de aplicar o principio de subsidariedade e, assim, introduzir medidas distintas daquelas que se aplicam no resto do pais, de modo a garantir a necessária coesão económica e social. É verdade que, por irresponsabilidade e incompetência do Governo do PSD, a Madeira acabou por sair das regiões de coesão e, assim, perder 500 milhões de euros de apoios europeus por culpa de um PIB empolado e que não traduz a verdadeira riqueza da RAM. Contudo, como se sabe, a Madeira manteve o seu estatuto de região ultraperiférica na medida em que persistem os obstáculos permanentes ao seu desenvolvimento (distância dos centros de decisão, orografia,..).
Por tudo isto parece-nos óbvio que, perante a situação de emergência económico-social da RAM, decorrente de uma crise interna profunda com origem nas opções governativas do PSD Madeira, perante a situação distinta da RAM em termos de desenvolvimento face ao todo nacional, conforme foi referido no parágrafo anterior, e tendo presente o quadro autonómico da RAM e a existência de um governo com capacidade de intervenção própria, consideramos fundamental que não se faça a aplicação cega das medidas de austeridade tomadas a nível a nacional para um contexto diferente do da região, sem as condicionantes atrás descritas,  mas que se adapte estas medidas à situação regional minimizando os seus efeitos junto dos cidadãos da Madeira, não aplicando algumas das iniciativas e introduzindo um pacote complementar de acções que contrabalancem as medidas que, necessáriamente, têm de ser implementadas.

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