terça-feira, 11 de agosto de 2009

Em Setembro de 2008 era assim, assim continua e...pior!

Há cerca de 4 anos atrás alertei para o escândalo que se vivia na CMF. Esse escândalo baseava-se em factos objectivos e concretos que muita gente conhecia.
O elenco camarário do PSD (a começar pelo seu Presidente, como é óbvio) tinha (e tem!) lodo até ao pescoço. As explicações requeridas eram mais que muitas e verifiquei uma espécie de branqueamento de tudo, como se a verdade e a transparência metessem nojo a alguns ilustres desta terra (uma elite cor-de-rosa - neste caso sem conotação política, embora importo-me muito pouco com quem queira colocar o barrete - mas sempre a puxar para o laranja, esquecendo sempre interesses superiores à mesquinhez e interesse pessoal do dia-a-dia!) e a alguns responsáveis da sociedade civil que, num clima de seriedade democrática e responsabilidade social (mesmo com serviços mínimos!) tinham evitado a continuação da pouca vergonha que assistimos e que vimos assistindo. Esses, em particular, têm responsabilidades enormes na accountability dos votos e na necessária mudança que a Madeira necessita. A democracia silenciosa, estranhamente medrosa, penalizará sempre a sua qualidade. Fica hoje ainda mais claro que era urgente ter acontecido um debate, mas, no fervor das eleições ( e dos interesses!) juntaram-se muitos (alguns, na altura, de forma estranha e surpreendente mas hoje, infelizmente, já se compreende e não se dúvida das razões) para evitar o fim do escândalo. A mudança quase total de todos os que acompanhavam o Presidente nem sequer foi suficiente para alertar aqueles que há muito deviam estar atentos. As eleições ocorreram num clima de frieza absoluta, de receios, de ameaças e de medo, mas a máquina laranja, persecutória e poderosa venceu e, perdoem-me, se fosse o papa, também vencia. É preciso compreender porquê!
Depois de tudo isto, (onde alguns destemidos acham que apenas resulta de ódios e ressabiamentos, numa expressão triste e desoladora daqueles que são os verdadeiros valores para a intervenção cívica) no auge da luta interna do PSD, o Vice Presidente decide atacar as bases do seu principal opositor e resolve (o que já devia ter feito há muito tempo, com outra intensidade e objectivo, e, portanto, não me venham com elogios baratos a este comportamento porque, na verdade, é repugnante perceber que a tutela inspectiva serviu interesses pessoais e não os interesses públicos de todos os madeirenses. Resta-nos agradecer (?) quase de forma insólita a briga do PSD porque sem ela aquele lixo continuaria debaixo do tapete) fazer sair os resultados de uma "simples" auditoria, com "casos ao acaso" e descobre mais de 100 ilegalidades, mandando tudo (ou quase tudo) para o ministério público. Do alarido em torno desta questão fica a incompetência (?) do ministério público que ousou mandar arquivar o que podia avançar para tribunal, num acto sem precedentes de duvidosa actuação. Depois, as Assembleias Municipais, que obrigaram à discussão do relatório, ficaram marcadas pelas recusas do PSD e do Presidente em assumir as suas responsabilidades e a dos seus pares. Num momento de enorme significado para o estado político da Madeira. Ele que era (e e´!) presidente tentou algumas vezes lavar as mãos, outras fingir que não sabia e outras ainda dizer o que diz sempre: é uma cabala! Até o Pedro Calado, que acabou por suceder ao vereador agora arguido, reafirmou (para todos ouvirem, e estou certo que ouviram!) que, no caso do Rui Marote, o que se dizia era mentira. O que estava no relatório era mentira. Chamou de mentiroso a quem fez perguntas sobre a matéria. E agora? A memória é curta e até parece que tudo está sereno e calmo. Não se passa nada! São tudo bons rapazes.
Agora que o espectáculo começou (será mesmo!), parafraseando o Senhor Bernardino da Purificação, será que ninguém vem dizer o que se passou? Ninguém sente necessidade de dar explicações. Ninguém, nem mesmo o homem que governa esta terra e que ameaça tudo e todos os que denunciam a corrupção na sua governação, mesmo com os factos debaixo dos olhos. Ninguém, nem mesmo aqueles que usam e abusam de informação priviligiada para sacrificar gente séria e honesta, num registo triste e desolador. Ninguém, nem mesmo (e só!) o Presidente da CMF que dirá, concerteza, que tudo isto é uma cabala!? Que ficará em silêncio com a certeza absoluta que ninguém lhe perguntará absolutamente nada (como também não perguntarão a tantos outros que deviam estar envolvidos num debate regional sobre esta questão!). Com a certeza que, por exemplo, à semelhança do que aconteceu no período negro do relatório da inspecção, a RTP Madeira, e o director Leonel de Freitas, fizeram o serviço certo: ignoraram, deliberadamente, um dos maiores escândalos vistos na Madeira que envolve directamente o Presidente da CMF e putativo candidato a Presidente do PSD. Isto merece reflexão e sobretudo deve-nos preocupar muito. Deve-nos preocupar que nada disto tenha consequências políticas. Deve-nos preocupar que no regime de AJJ, a corrupção, a incompetência, a prevaricação são neutras para a governação. É igual, basta reagir contra os outros da forma mais grosseira e violenta possível. Nada do que se sabe e do que se soube afecta a normal actuação daqueles que têm a primeira responsabilidade e preferem manter-se em funções sujando tudo à volta e não contribuindo para o esclarecimento da verdade.
Estamos mal. Muito mal. Podemos ficar ainda pior se não formos (toda a sociedade civil!) capazes de acabar com este regime de interesse duvidoso. Se não formos capazes de dizer que queremos mais seriedade, mais transparência, mais respeito, mais normalidade democrática.
Hoje estou (ainda) mais triste porque preocupa-me, sinceramente, ver crescer as minhas filhas neste ambiente impróprio que ofende quem quer mais democracia, mais justiça, mais igualdade de oportunidades... Nada disto se resume à CMF e ao actual Presidente. É muito mais que isso!
É preciso construir uma mudança. É impossível construí-la em cima de uma lixeira que não pára de crescer!
Não tenho dúvida que muitos concordam comigo, mesmo que não partilhem alguns dos meus pensamentos...

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