quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O novo não nasce do velho


Por estes dias percebe-se  um burburinho assustador daqueles que, mais ou menos secretamente, acalentam a esperança que o regime se reinvente. Há até aqueles que decididamente acreditam que a renovação interna do PSD é condição suficiente para ultrapassarmos a calamidade económico-social em que a Madeira se encontra, convencidos que os fundamentos da crise regional é apenas de falta de ideias e soluções. Não é. A ausência destas é a consequência dos poucos graus de liberdade que a governação Jardinista ostenta, traduzida por governantes presos a interesses privados mais ou menos obscuros. Esta circunstância, a que se junta uma sociedade totalmente capturada, medrosa e apática, conduziu a região para a tempestade perfeita: uma calamidade interna sem precedentes, aliada a um desnorte inqualificável, que secou ideias, projectos e a necessária criatividade governativa, remetendo-nos, a todos, para um espécie de “poço da morte”. Precisamos de novas soluções mas, as que realmente precisamos, só surgirão num novo quadro político, com o fim do ciclo do PSD. As soluções que necessitamos não fazem parte do foro do intangível: são conhecidas, já foram apresentadas e apenas faltam ser implementadas. Mas as restrições sistemáticas à sua implementação não são financeiras, não são técnicas, não são sequer operacionais. São decorrentes da promiscuidade da política local com alguns interesses privados, ajudados pelo sentido persecutório do regime a que estamos remetidos.

Por isso, as tais “soluções internas” herdarão sempre estas dependências e vícios, afectando seriamente a capacidade de implementar um projecto de mudança. Uma mudança com uma nova geração de políticas e com protagonistas desprendidos das amarras de interesses muito poderosos, controladores e até “controleiros”.   
É por tudo isto que a esperança da Madeira está nas mãos dos madeirenses e na sua capacidade de interpretar que não é possível construir nada de bom em cima de uma “lixeira”.  A visão inquinada daqueles que procuram salvar esta velha ordem regional contraria a experiência daqueles que construíram a mudança ao lado do velho e não em cima dele!

publicado no DN Madeira

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