Ontem o DN Madeira dava conta da trapalhada da Via Madeira decorrente da dificuldade do Governo Regional em garantir o seu financiamento, mesmo com um modelo francamente favorável a um grupo de empresas de construção civil "amigas do regime" e de Jaime Ramos. Ora, depois de adiar por três vezes a conclusão da operação financeira que pressupunha o envolvimento da banca, eis que o GR volta a apontar outra data para essa conclusão. Contudo aquilio que parece ser uma boa noticia é uma verdadeira dor de cabeça para todos nós. Esta operação faz parte do mesmo padrão da Via Litoral e Via Expresso. Como é sabido, em termos mais ou menos simplistas, estas empresas privadas exploram algumas estradas na Madeira a troco de um rendimento anual "oferecido" pelo GR. Observando as contas destas empresas verifica-se que obtêm lucros verdadeiramente obscenos demonstrando que o modelo de financiamento engendrado prejudica seriamente os interesses públicos (a Via Expresso lucrou 13 milhões de euros em 2007). Grosso modo o Orçamento Regional tem de pagar em média 200 milhões de euros para suportar estes contratos de concessãos, durante cerca de 25 anos.
Este compromisso financeiro coloca sérios entraves à governação na medida em que lhe limita a margem de manobra para investir na diversificação da economia, no tecido empresarial e, sobretudo, nas épocas de crise, em acudir os mais desfavorecidos.
Perante isto o GR avança sem qualquer fundamento objectivo para mais uma operação desta natureza sem qualquer prioridade e com a agravante de neste momento andar a construir as obras da via Madeira recorrendo ao factoring. Já são 300 milhões a um custo que ninguém sabe tendo em conta o corte de factoring ao Governo Regional percebe-se a dimensão do problema. Esta é aliás a primeira grande conclusão do desacerto governativo: o factoring ao GR para estas obras acabou por prejudicar as PME's regionais que viram-se confrontadas com o corte deste tipo de financiamento para pagamento das suas operações junto do GR. Por outro lado, esta Via Madeira vai acrescentar mais um compromisso de cerca de 100 milhões de euros por ano, durante 25 ou 30 anos, retirados do Orçamento Regional, piorando ainda mais a matriz financeira da RAM.
C'ma Diz O Outro #100
Há 1 dia
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