André Escórcio não tem papas na língua e sobre a gritaria em torno do financiamento do desporto na Madeira, avança com esta oportuna intervenção. Vale a pena ler com atenção, sobretudo aqueles que, normalmente, não conhecem os factos.
"...Mas vamos à questão do financiamento. E volto à relação existente entre o Sistema Educativo e o Sistema Desportivo: em 2006 foram atribuídos, fundamentalmente para benefício directo e indirecto do sistema desportivo, 27,7 milhões de Euros; à prática desportiva regular das escolas pouco mais de 500 mil euros. Digamos que, face a estes números temos um desporto às avessas. Um desporto sem bases que, depois, para competir ao mais alto nível necessitou, em 2005/06, de 266 atletas continentais e estrangeiros para nos representarem. Senhores Deputados, há qualquer coisa aqui, que V. Exas. em consciência dirão, tal como eu, que não bate certo. Ora, não estando em causa a nossa participação nacional e internacional, em igualdade de circunstâncias, devemos é ter em consideração que essa participação deve estar sujeita a critérios de grande rigor e de comedida ambição. Uma coisa é o direito da Região participar. E esse tem de ser salvaguardado; outra, é qualquer um participar, a expensas do orçamento público, mesmo que o seu nível de prática não atinja o satisfatório. Neste caso deveriam responsabilizar-se pela sua participação. Mais ainda. Devemo-nos interrogar se a Região está em condições financeiras para poder financiar 1493 representações individuais e colectivas anuais o que significa cerca de 150 participações mensais, este número, obviamente, a multiplicar pelo número de atletas que cada representação colectiva apresenta. O que hoje se exige é uma desapaixonada reflexão sobre o financiamento da prática desportiva e se se justifica um leque de 54 modalidades dependentes do erário público. Será que o orçamento regional tem capacidade, face a outras prioridades sociais e culturais, para manter este ritmo de duvidoso investimento? Aliás, faz agora quatro anos, que o Conselho Desportivo da Madeira estudou e apresentou propostas de grande alcance para o desenvolvimento do desporto. Esse trabalho ficou na gaveta. Podemos discordar de uma ou de outra medida apresentada mas, globalmente, é indiscutível o mérito desse trabalho elaborado pelos conselheiros. O Fundo Nacional de Integração Desportiva proposto por V. Exas. face ao qual não vemos qualquer viabilidade, não poderá contar com o nosso apoio."
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