sábado, 7 de janeiro de 2012

O deslumbramento de JMR acaba numa estação de correios!


A carta de intenções do governo regional da Madeira ao governo da república é uma sentença de empobrecimento galopante a todos os madeirenses.  É claro que ainda é cedo para apurar a totalidade das consequências, até porque algumas das matérias são absolutamente genéricas e não permitem avaliar objectivamente os seus resultados. Contudo, em termos da receita orçamental não só a carta é muito objectiva como, em alguns casos, o PSD M já aprovou as referidas propostas na ALRAM, como é o caso do aumento do IRS e IRC.
Perante este cenário e as trapalhadas do PSD M e do Governo, quer no descalabro das finanças quer na incapacidade negocial, eis que tem surgido um ruído sistemático, aparentemente em prol do interesse da Madeira mas sempre  inconsequente e, e alguns casos, até contraproducente: referimo-nos às intervenções do CDS M.

O que nos parece muito preocupante é que um partido possa sofrer de dupla personalidade sistemática num descaramento sem qualquer desculpa. O último exemplo refere-se à alegada carta (mais uma ) enviada pelo líder do CDS, entretanto ausente em Lisboa enquanto a Madeira arde nas labaredas da crise financeira, ao Primeiro Ministro do seu próprio Governo. Sobre esta matéria importa clarificar o seguinte:

1)   o CDS M aprovou o OE e com isso assegurou, entre muitas outras coisas que prejudicam seriamente a Madeira, a alteração do IVA que tornará o sector da restauração e hotelaria muito menos competitivo, assegurando um aumento de 145% das taxas intermédias. A primeira pergunta é óbvia: se está contra esse aumento e se, ainda por cima, considera que “...não tem duvida que se trata de um duro golpe na economia e na qualidade de vida dos madeirenses...” porque razão votou a favor do OE? O OE foi o primeiro grande golpe do PSD /CDS aos madeirenses e é no mínimo confrangedor que um deputado esteja  sempre decisivamente contra na Madeira, mas inevitavelmente a favor em Lisboa e na AR...

2)   Mas a questão principal é que esta situação não é um caso isolado. Tem sido a prática política de JMR ao longo dos últimos 6 meses. Em Lisboa está a favor e na Madeira está contra. Foi assim com a tributação de dividendos e lucros na Zona Franca, foi assim com a suspensão das transferências financeiras para a Madeira, foi assim com a questão do IRS variável, foi assim com o investimento do estado na Madeira.  E nenhuma das cartas que escreveu chegaram sequer a ter resposta.

3)   Perante uma ofensiva aos madeirenses aprovada por JMR em Lisboa , o mesmo JMR responde com uma carta ao seu governo. O deputado do CDS escreve a ele próprio, num acto imaginário e virtual de criar o seu mundo político paralelo, procurando dizer aos madeirenses que apesar de ser governo às segundas, quartas e sextas, e nessa altura aprovar tudo o que prejudica os madeirenses, nada daquilo é para levar a sério, porque está contra si próprio às terças, quintas e sábados. Estamos perante um nível de demagogia que prejudica seriamente o estabelecimento de um entendimento consistente na oposição na Madeira em prol do interesse das populações, conforme seria desejável em termos do famigerado plano de resgate.

4)   Na verdade, o CDS defende agora em carta (?) um amento gradual do IVA, fazendo crer que esse é o melhor caminho. Naturalmente que a segunda pergunta deve ser se o CDS M considera adequado mandar às urtigas o principio da continuidade territorial, desde que seja de forma gradual?  Da parte do PS M não há condições para um IVA de 22% nem qualquer aumento gradual. O cenário realista é manter um diferencial adequado à realidade regional e encontrar outros caminhos de compensação.


5)   Finalmente, o CDS M manifesta-se junto do seu governo sobre a questão do IVA e nem uma palavrinha na referida carta sobre o aumento de transportes, sobre a introdução de taxas de racionalização na saúde, sobre os despedimentos da função pública, sobre os cortes cegos no investimento, sobre a tributação de dividendos, sobre a suspensão de transferências da república, entre outras. Fica a ideia de cartas selectivamente decididas num teatro político típico de associações recreativas de bairro.

6)    Enfim, o CDS M faz do seu cargo político na AR uma estação de correios cuja correspondência revela uma agenda bipolar de um partido que se envergonha de defender a Madeira em Lisboa, junto do seu partido, e esconde-se por detrás das cartas para consumo doméstico.

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